Uma alternativa revolucionária à cirurgia

Até agora, a única cura eficaz para o aldosteronismo primário era a remoção cirúrgica de toda a glândula adrenal, exigindo anestesia geral, internação hospitalar de dois a três dias e semanas de recuperação. Como resultado, muitos pacientes não são tratados.

O Triple T oferece uma alternativa mais rápida e segura à cirurgia, destruindo seletivamente o pequeno nódulo adrenal sem remover a glândula. Isso é possível graças aos recentes avanços nos exames de diagnóstico, usando corantes moleculares que identificam e localizam com precisão até mesmo os menores nódulos adrenais. Aqueles na glândula adrenal esquerda são vistos imediatamente adjacentes ao estômago, de onde podem ser diretamente direcionados.

O novo tratamento aproveita a energia das ondas, adaptando duas técnicas médicas bem estabelecidas: a radiofrequência ou microondas geram calor em uma pequena agulha colocada no tecido com defeito, causando uma queimadura controlada; O ultrassom usa ondas sonoras refletidas para criar um vídeo em tempo real do procedimento.

No Triple T, como na endoscopia de rotina, uma pequena câmera interna – neste caso usando ultrassom e luz – é passada por via oral para o estômago. O endoscopista visualiza a glândula adrenal e guia uma agulha fina do estômago precisamente para o nódulo. Pequenas explosões de calor destroem o nódulo, mas deixam os tecidos saudáveis circundantes ilesos. Essa abordagem minimamente invasiva leva apenas 20 minutos e elimina a necessidade de incisões internas ou externas.

Teste bem-sucedido é promissor

O estudo é chamado FABULAS, sendo o nome um acrônimo para Estudo de viabilidade de ABlação endoscópica por radiofrequência, com orientação ULtrasound, como um tratamento não cirúrgico e poupador de adrenal para adenomas produtores de aldosterona.

O FABULAS testou o Triple T em 28 pacientes com aldosteronismo primário, cuja varredura molecular identificou um nódulo produtor de hormônio na glândula adrenal esquerda. O novo procedimento foi considerado seguro e eficaz, com a maioria dos pacientes apresentando níveis hormonais normais seis meses depois. Muitos participantes conseguiram interromper todos os medicamentos para pressão arterial, sem recorrência da doença.

O professor Morris Brown, co-autor sênior do estudo FABULAS e professor de hipertensão endócrina na Queen Mary University of London, disse: “Já se passaram 70 anos desde a descoberta em Londres do hormônio aldosterona e, um ano depois, do primeiro paciente nos EUA com hipertensão grave devido a um tumor produtor de aldosterona. O médico desse paciente, Jerome Conn, previu, talvez com apenas um pequeno exagero, que 10-20% de toda a hipertensão poderia um dia ser atribuída a nódulos curáveis em uma ou ambas as glândulas. Agora somos capazes de realizar essa perspectiva, oferecendo avanços do século 21 em diagnóstico e tratamento.”

Uma das participantes do estudo, Michelina Alfieri, compartilhou sua experiência:

“Antes do estudo, eu sofria de dores de cabeça debilitantes por anos, apesar de várias visitas ao médico. Como trabalhador em tempo integral e mãe solteira, minha vida diária foi severamente afetada. Este tratamento não invasivo proporcionou uma recuperação imediata – voltei à minha rotina normal imediatamente. Sou incrivelmente grato à equipe por me dar essa escolha.”

Fonte: SciTechDaily – Foto: pixabay